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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

ALMANAQUE GERAL FERROVIÁRIO "ESTRADAS DE FERRO QUE LIGAVAM O RIO DE JANEIRO A MARICÁ E PETRÓPOLIS"



O Presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviaria Antonio Pastori comenta o video acima.
uma preciosidade, um antigo filme sobre a (simplória e incompleta) justificativa para erradicação de 4.000 km de ramais ferroviários anti...econômicos da RFFSA, em 1964.
1 - O filme é do INCE-Instituto Nacional do Cinema Educativo(?), produzido pela Atlântida Filmes, a pedido do MEC e o Ministério da Viação, que não écitado. Lembren-se que, naquela década a industria automobilistica, recém instalada no Brasil, precisava consolidar-se.
2 - Os primeiros 8 minutos contém tomadas feitas na extinta E. F. Maricá, que ia de Niterói (Neves) até Cabo Frio, com 158 km. Se a linha fosse preservada, um moderno Trem Regional faria essa viagem até Cabo Frio em menos de duas horas. Hoje esse percurso rodoviário pode levar mais de 4 horas, sobretudo nos finais de semana e feriados.
3 - Na altura dos 8':15" do filme, temos uma belíssima surpresa, com rarassima imagens do trecho a cremelheira da Serra de Petrópolis (erradicada em1964), com passagem pelas estações Raiz da Serra, Meio e Alto da Serra. Observem a passagem do trem pelo centenário Viaduto da Grota Funda, teimosamente de pé até hoje. Esse trecho está totalmente ocupado, e a reativação dessa ferrovia só depende da vontade política de resolver essa questão das ocupações, que será cobrada insistentemente por nós dos atuais prefeitos de Petrópolis, Rubens Bomtempo, e Magé, Nestor Vidal.
4 - A imagem final do filme é emblemática: um trem cargueiro da até hoje eficientíssima E. F. Vitória-Minas transportando minério de ferro. Essa ferrovia é a única que vem fazendo o transporte diário de passageiros entre essas duas capitais.
5 - Estatísticas: a promessa de erradicar os ramais anti econômicos - foram mais de 10 mil km - para investir em rodovias, resultou no seguinte quadro atual: dos 1.600.000 km de rodovias existentes hoje no País, apenas 200 mil
km (12,5% do total) são mal e porcamente pavimentadas; destes 200 mil km pavimentados temos somente 64 mil km de rodovias federais, ou seja, apenas31%. Essas rodovias nos cobram, além do frete elevado, um pedágio social
em termos de desperdício na queima de combustível fóssil não renovável, poluição, acidentes, perdas materiais e humanas, aumentando o que se convencionou de chamar custo da infraestrutura ineficiente, ou custo
Brasil.
6 - Para compensar esse atraso, o governo federal investe bilhões e bilhões sem novas rodovias e ferrovias, em projetos "em*PAC*ados" que andam no ritmada velha Maria-fumaça. Por sinal, hoje a velocidade média dos nossos
modernos automóveis nas grandes Regiões Metropolitanas é muito inferior a velocidade média da "Baroneza", primeira locomotiva a vapor que rodou em solo brasileiro a 32 km/h, e isso foi há mais de 160 anos atrás! Evoluímos?
7 - A maquiavélica estratégia do governo Federal à época, foi deixara o doente atingir o estado terminal para justificar a desmontagem da RFFSA. É claro que havia muito obsoletismo, ineficiência humana e material, mas hoje percebe-se que foi um grande desperdício de RH e Ativos não repensar, naquela época, um modelo para revitalizar e modernizar a Rede.
8 - Esse desperdício poderia ter sido minimizado, por exemplo, se alguns  ramais ferroviários antieconômicos, ao invés de serem erradicados, fossem preservados (retirar os trilhos foi uma imbecilidade sem precedentes) com os trilhos sendo vendidos a preço de sucata. Existem ainda antigos trechos belíssimos, com paisagens de tirar o fôlego, mas que hoje são somente acessíveis por utilitários 4X4.
9 - Idem, idem, com o material rodante. Se fossem preservados, estariam novamente na ativa servindo como TrensTurísticos e/ou Regionais, contribuindo para reduzir essa carnificina diária nas rodovias, gerando emprego e renda através do Turismo e preservando milhares de estações centenárias abandonadas relegadas ao esquecimento.
Por fim, não deixem de ler o texto abaixo, pois ele explica um pouco do "*moduspensanti *" da época, que aplaudiu de pé a morte do trem de passageiros, preferindo ficar horas e horas engarrafados nas estradas ou, pior, envolver-se em acidentes estatisticamente cada vez mais frequentes.
A. Pastori.

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